- Conjunto de notas que exprima, a suavidade misteriosa da Lua, meio velada, iluminando a paisagem quase agreste do Miradouro, e o silêncio do Vale Machiqueiro.
O reflexo da Lua no mar exprimindo uma saudade, longinqua, irreal...
2. De quando em vez o sopro agudo da aragem fria, passando no descampado, penetrando nas concavidades da rocha e extinguindo-se.
Novamente a calma.
3. Muito longe, um bater de asas, murmúrios, e gargalhadas abafadas, em conjunto com a 1ª. parte (1º.).
Alvoroço de asas - vozes em coro - música de dança.
Aparecimento do bando, começando a dançar.
RANDÓ DAS BRUXAS
A luz da Lua
Pálida e fria
Ilumina o mar
A rocha bravia.
A aragem fresca
Convida à dança
E o nosso bando
Todo se apressa,
Batendo as asas
Ensaia os passos
suaves e lentos
Endiabrados
conforme o vento
Urra ou canta
Sacode em fúria
A natureza.
Gritos de angústia,
Beijos de amor
Toadas mansas
Embaladoras
Da voz do mar.
Tudo prepassa
Na nossa dança.
Das almas puras
O odor das rosas.
Dos corações
O desespero
O anseio louco
D'amor infeliz.
E as nossas asas
Num remoinho
Já estão cansadas
Quase quebradas
De tanta dor.
De tanta dor
Dilaceradas.
Um murmúrio triste
Deixa-se perder
Pelas quebradas.
.......................................................
Como da terra
Brota a nascente
Também da alma
Nasce o alento
E novamente ....................
Maria Fernanda Correia
Poema manuscrito em 1963 - Água de Pena
A palavra "randó" deveria ser rondó, mas consta assim no original.
Sem comentários:
Publicar um comentário